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Dobra, fio (tributo a L. Clark) (2023)

Mariana Lydia B.

“Dobra, fio” é uma proposição de interação e apropriação da obra de arte. Feito apenas a partir de dobras em um arame galvanizado, foi construído como uma escultura sem base mas também como uma instalação propositiva: é uma escultura que se mexe, modifica, brinca, experimenta, transforma. Fugindo da ideia de arte apenas como contemplação, a peça aproxima a arte da vida e convida o espectador a participar e modificar a obra. 

 

O trabalho começou a ser desenvolvido pela artista em 2012, como resposta a uma proposição de Angelo Venosa (1954-2022) em uma das aulas da Escola de Artes Visuais do Parque Lage (EAV), no Rio de Janeiro. Já nesta época surgiu como um tributo à série “Bichos” de Lygia Clark (1920-1988), que mexeu com paradigmas da escultura tradicional. A peça “Dobra, fio” teve modificações e diferentes usos (inclusive domésticos) ao longo dos anos, sendo recuperada e levada ao público pela primeira vez em uma proposição realizada em uma praça de Teresópolis em 2022 - o  trabalho “Pr(f)aça você mesmo: território liberdade”. Ao colocar a peça para livre experimentação de crianças, seja nessa experiência ou em sala de aula como professora de Arte, o trabalho ganhou novas camadas, que tentam ser ativadas novamente pela proposição de 2023 na Universidade Federal do Espírito Santo (UFES).

 

A artista propositora do trabalho se apresenta como professora, pesquisadora e artista, e atua em diferentes modalidades artísticas (que vão desde fotografia, escrita, fotopoema, desenho até instalações, proposições e ações). Fazer um objeto que seja constantemente tocado, modificado e apropriado pelos participantes se aproxima de sua experiência como professora, assim como com sua pesquisa de doutorado no curso de Pós-graduação em Estudos Contemporâneos das Artes na Universidade Federal Fluminense (UFF). A ação de construir experiências e acontecimentos coletivos, principalmente através da transformação de uma linha reta em um amontoado de acúmulos, dobras e redirecionamentos, também tem respingos de sua atuação entre 2014 e 2020 em coletivos pela memória, verdade, justiça e reparação pela violência de estado da ditadura militar de 1964, como a Campanha Ocupa DOPS e o Coletivo Filhos e Netos por Memória, Verdade e Justiça RJ. 

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