top of page

1981/2021 arte contemporânea brasileira

Exposição realizada no Centro Cultural Banco do Brasil, no Rio de Janeiro, entre 14 de abril e 26 de julho de 2021


No dia 26 de julho de 2021, visitamos remotamente a exposição 1981/2021: Arte Contemporânea Brasileira na coleção Andrea e José Olympio Pereira, apresentada pelo Centro Cultural Banco do Brasil do Rio de Janeiro. A exposição contava com 119 obras de 68 artistas, dividida em oito salas, organizadas em torno de temáticas propostas pelo curador Raphael Fonseca. As obras pertencem a dois colecionadores cariocas, Andrea e José Olympio Pereira e chama a atenção para a importância do colecionismo no Brasil. Nossa visita foi mediada por Phelipe Rezende, que selecionou 10 obras de diferentes salas para a visita pelo aplicativo Zoom. Em decorrência das medidas de segurança adotadas em função da prevenção da Covid-19, uma parte das visitas à exposição têm sido de forma remota e contando com isso o CCBB fez um trabalho de aproximação com o espaço, ao criar uma série de vídeos Pílulas, que permitem uma visão panorâmica do espaço e mostram fotos das obras durante a apresentação.


Começamos a visita a partir da pergunta “Como a arte se relaciona com o nosso cotidiano?” e com base nessa ideia tentamos corresponder nossas respostas com o conteúdo apresentado até o final do encontro. A atuação de Phelipe durante a visita chamou atenção da importância de uma mediação durante a aproximação com as obras da exposição, pois todo o nosso percurso foi provocado por pensamentos e conexões com o que já conhecíamos, compartilhando em grupo nossas leituras e ampliando o repertório com as informações mediadas pelo educador.


Visitar uma exposição de forma virtual tem sido um recurso utilizado para que as instituições continuem a se relacionar com seus públicos durante o período da pandemia. A estratégia foi adotada por diferentes galerias e museus como resposta à necessidade de isolamento social. Uma vantagem desse recurso foi a possibilidade de pessoas de diferentes lugares poderem acessar os conteúdos expostos em determinado local, que talvez não fosse de fácil acesso presencialmente. Foi o que aconteceu com nosso grupo, que tem base no Espírito Santo, mas reúne integrantes de diferentes estados do Brasil e que pôde reunir-se virtualmente na instituição carioca.


A vivência da experiência de visita ocupou dois lugares: tanto conhecer o acervo da coleção que o CCBB expunha, quanto conhecer as propostas educativas da instituição e perceber como o acesso foi modificado pela possibilidade de visitas remotas. Essa democratização ainda não é substitutiva de uma experiência física no espaço e no contato com as obras, mas permite que professores de todo o país levem seus alunos a uma mostra de arte contemporânea brasileira e enriqueçam a disciplina.


A partir da nossa experiência, percebe-se que uma parte que se perde em relação à visitação física diz respeito à sensorialidade das obras pensadas para serem experienciadas presencialmente. Como ocorreu na nossa “entrada” na exposição, com a obra A coleção (2009), de Pazé, uma sala construída a partir da plotagem da montagem/colagem digital do artista que reúne diferentes produções pictóricas de retratos que direcionam seus olhares diretamente para o espectador. A composição da obra é pensada remontando aos gabinetes de curiosidade ou aos modos de expografia das exposições do século XIX. O espaço da montagem no CCBB foi pensado para provocar uma sensação de desconforto ou sufocamento ao sermos encarados por olhares das imagens - todos direcionados para o visitante - e isso não se cumpriu totalmente no modelo remoto, uma vez que dependíamos da descrição do educador para construir o espaço mentalmente.

Pazé - A coleção (2009)


Em contrapartida, uma das potencialidades encontradas nesse modelo foi a possibilidade dada ao educador de trabalhar com um recorte da curadoria, dessa forma foi possível selecionar previamente os conteúdos e temáticas abordados durante o percurso virtual. Outro ponto importante foi a possibilidade de uma leitura variada das obras apresentadas, cada parte delas possuindo mídias complementares, como vídeos curtos de apresentação e materiais divulgados nos canais do youtube, permitindo acesso antes, durante e depois da visita. A exposição possui uma série de vídeos oficiais, entrevistas e vídeos independentes no youtube, com relatos de experiências de visitação de outros grupos, de educadores ou não, que visitaram a exposição e que puderam agregar informações para nossa experiência à distância.


Esse modelo remoto de visitação também apresenta algumas fragilidades, como a impossibilidade de passar por todo o conteúdo da exposição dentro do tempo programado para cada grupo. Também conta com as desvantagens comuns de ferramentas tecnológicas: oscilação de conexões, falhas de áudio e vídeo e outros imprevistos que podem prejudicar o total aproveitamento da visita e a experiência sensorial proposta por cada artista em suas obras.


É importante salientar que com planejamento e uma boa mediação é possível obter muitos ganhos com a visita. A preocupação do CCBB em fornecer materiais diversos para a apresentação das obras e para a visualização do espaço expositivo foi fundamental para a experiência, tal como o preparo do educador que mediou nossa visita. Esse modelo auxilia os educadores em Arte a desenvolverem seus conteúdos nesse momento de isolamento social e deve ser explorado, mas tendo em mente que apresenta perdas que podem ou não ser reduzidas com outros tipos de abordagens. Igualmente, é importante reforçar a importância das visitas presenciais a espaços de arte assim que elas forem reestabelecidas, pensando-as como um lugar de formação continuada para arte/educadores.



sobre a autora:

Ana Carolina Ribeiro Pimentel é graduada em fotografia pela Universidade de Vila Velha e atualmente cursando licenciatura em Artes Visuais pela Universidade Federal do Espírito Santo (UFES). Participa do Grupo de Pesquisa Entre - Educação e Arte Contemporânea (CE/UFES) com foco na linha de processos artísticos e educativos relacionados na contemporaneidade.

0 comentário

Comments


bottom of page