O planejamento docente no ensino da arte passa pela pesquisa e pela construção de relações entre produções de diferentes autores, lugares, tempos e contextos. Com 6 conexões entre nós propomos um diálogo entre duas obras de arte contemporânea, elencando conceitos-chave que sejam pertinentes aos dois trabalhos. A proximidade da obra com o conceito pode demarcar a referência maior àquele extremo da ligação, mas temos sempre pontos que se ramificam na relação, possibilitando a abertura para outras conexões no processo.
Relacionamos Quando a fé move montanhas (2002), de Francis Alÿs, com Missa móvel dupla (2007), de Nelson Leirner. As palavras pensadas para a relação foram:
nesse caminho de conexão entre as obras pensamos:
em ação, já que as ambas as obras propõe uma prática, ainda que uma delas seja estática;
no movimento, porque na obra de Alÿs se transpõem volumes de areia pela ação coletiva e porque a obra de Leirner incita uma caminhada coletiva;
em percurso, em resposta à noção de ação e movimento que as duas obras propõem;
na fé, que está no título da obra de Alÿs e na temática na obra de Leirner, pela relação com as procissões;
em reunião, pela junção da força de um conjunto de pessoas em uma ação concentrada, característica em comum às duas obras;
e coletivo, pela prática partilhada das pessoas na ação registrada em Quando a fé move montanhas (2002), com a reunião de 500 voluntários envolvidos na transposição de 10 centímetros de uma duna, e pela aglomeração construída por Leiner, com os personagens, em Missa móvel dupla (2007).
sobre os artistas:
Francis Alÿs (1959) é um pintor e artista conceitual, mais conhecido por performances em grande escala que abordam os modelos sociais e políticos do ambiente urbano. Nascido na Antuérpia, Alÿs estudou arquitetura no Institut d'Architecture de Tournai na Bélgica e no Istituto Universitario di Architettura em Veneza, graduando-se em 1986. Muitas de suas obras estão baseadas na Cidade do México, onde viveu por mais de 20 anos. O trabalho de Alÿs foi exibido em instituições como a Tate Modern, em Londres, e o Museu de Arte Moderna de Nova York. O artista participou das Bienais de Veneza realizadas em 1999, 2001 e 2007. Mora e trabalha na Cidade do México. Fonte: http://www.artnet.com/artists/francis-al%C3%BFs/biography
Nelson Leirner (1932 - 2020). Artista intermídia e professor universitário. Suas obras e ações se caracterizam pelo teor reflexivo e polemista. Alternando entre crítica política e social, remissões à arte e ao mercado e referências a divindades e animais, transforma objetos cotidianos em alegorias das situações que pretende destacar. Com uma carreira profícua, de obras heterogêneas e de teor crítico e reflexivo, Leirner torna-se, enquanto produtor e educador artístico, uma figura importante para o desenvolvimento da arte moderna no Brasil. Fonte: https://enciclopedia.itaucultural.org.br/pessoa9429/nelson-leirner
imagem 1: Francis Alÿs - Quando a fé move montanhas (2002)
imagem 2: Nelson Leirner - Missa móvel dupla (2007)
imagem 3: Francis Alÿs - Quando a fé move montanhas (2002)
imagem 4: Nelson Leirner - Missa móvel dupla (2007)
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