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sobre a pesquisa: ampliando referências no ensino da arte

Sobre a pesquisa: Arte contemporânea e educação infantil: Repensando práticas no ensino de artes visuais, desenvolvida como trabalho de graduação no curso de Licenciatura em Artes Visuais na UEM, sob orientação do Prof. Dr. João Paulo Baliscei



Na Educação Infantil é comum que se tenha como referência de Arte concepções baseadas na Arte Clássica e Moderna, dessa forma esta pesquisa destaca a importância de incentivar os/as professores/as a pensarem em metodologias pós modernas para o ensino de Artes Visuais e, sobretudo, que incluam a Arte Contemporânea em suas intervenções pedagógicas. De acordo com Lucia Santaella (2012), a ideia que costumamos ter acerca da Arte veio, sobretudo, do Renascimento período que vai de meados do século XIV até o final do século XVI - estilo artístico inspirado nos valores religiosos e na valorização do ser humano, voltado para à “[...] imitação da natureza com o auxílio da racionalidade e da temática” (SANTAELLA, 2012, p. 24). Ainda segundo a autora, a Arte se tornou portátil a partir do momento que deixou de depender exclusivamente da religião e passou, então, a circular em museus e também a ser documentada e escrita. A partir dessas e de diversas alterações, outras concepções e modelos passaram a vigorar dentro do campo artístico.


No campo escolar, Susana Rangel Vieira da Cunha (2017a) afirma que dentro dos espaços de ensino as crianças têm pouco acesso a produções artísticas elaboradas nos últimos anos, isto é, à Arte Contemporânea, que justamente dizem respeito às sociedades contemporâneas nas quais eles/as vivem. Em outro estudo, Cunha (2012) infere que as práticas vigentes do Ensino de Arte são, frequentemente, voltadas para estéticas artísticas eruditas e, dentre muitos aspectos, valorizam gestos de reverência, preservação, distanciamento e canonização da produção artística - o que potencializa compreensões do/a artista como um/a gênio/a provido/a de “dons” excepcionais e habilidades inatas.

Diante desse cenário, a pesquisa apresenta a seguinte problemática: Como trabalhar com Arte Contemporânea na escola? Quais estratégias pedagógicas podem ser utilizadas para se trabalhar Arte Contemporânea na Educação Infantil? Para formular respostas a essas perguntas, o objetivo geral buscou investigar recursos teóricos-metodológicos para o Ensino de Arte Contemporânea na Educação Infantil. Para tanto, a autora utiliza como referencial teórico os Estudos da Cultura Visual, um campo de investigação que emergiu no final dos anos 1980, tendo como uma das características o deslocamento do olhar para aquilo que visualizamos e pensamos.

O Trabalho de Conclusão de Curso (TCC) “Arte contemporânea e educação infantil: Repensando práticas no ensino de artes visuais” reflete uma preocupação acerca de como está hoje o Ensino de Artes Visuais nas escolas, visto que, ainda notamos, através de relatos, falas de docentes, materiais didáticos, dentre outros que o componente Arte ainda está fortemente ligada a padrões Clássicos, Renascentistas e ideais que não refletem a atual realidade da Arte e muito menos das crianças em questão. Para alcançar os objetivos propostos, estruturalmente essa pesquisa bibliográfica foi dividida em três etapas.


Na primeira delas, é realizada uma contextualização sobre Arte Contemporânea e alguns aspectos conceituais e históricos que caracterizam essa expressão (CAUQUELIN, 2005; DANTO, 2006; BAUMAN, 2007; MERLIN, 2008; SANTOS, 2008; ARCHER, 2012; BLASS, 2017; SANTAELLA, 2012). Também são problematizados aspectos hegemônicos da Arte Contemporânea, é apresentado um breve histórico da Arte Contemporânea Brasileira (COCCHIARALE, 2004). Além disso, amparada no conceito de Mestiçagem da Arte Contemporânea (CATTANI, 2002; 2007) a autora evidencia algumas diferenças que as concepções artísticas contemporâneas trazem em relação às concepções artísticas Clássicas e Modernas, tais como, a ausência de suporte, o não uso de classificação em períodos ou modelos pré-selecionados, a dinamicidade a amplitude de materiais, a imprevisibilidade, a interação e o hibridismo de técnicas e materiais.


Na segunda etapa, é proposto aproximar a Arte Contemporânea do Ensino de Arte na Educação Infantil. Para tanto, foi realizada uma análise de como a Base Nacional Comum Curricular – BNCC (BRASIL, 2018) aborda a Arte Contemporânea e o Ensino de Artes Visuais, por meio de um estudo crítico acerca do documento, mais especificamente da etapa que corresponde à Educação Infantil (IAVELBERG, 2018; PERES, 2017; MACEDO, 2014; NUNES, 2006; SUBTIL, 2009).


A terceira e última etapa, tem como foco os Estudos da Cultura Visual para pensar o Ensino de Artes Visuais em âmbito escolar (NUNES, 2010; WARKEN, 2005; ZAMPERETTI; BAZILI, 2013; BARBOSA, 2010; TOURINHO, 2016). Sobretudo a partir da Perspectiva Autorreflexiva (HERNÁNDEZ, 2007), a necessidade da mudança do olhar - concepção que reclama para que, diante de uma imagem, os sujeitos assumam posições mais questionadoras e menos contemplativas. Posteriormente, foram levantadas pesquisas que dialogam sobre a importância de se trabalhar com Arte Contemporânea no Ensino de Artes Visuais (WARKEN, 2005; TESCH; VERGARA, 2012; BORGES, 2017 e 2019; CUNHA, 2017a; IAVELBERG, 2017; VALLE; FREISLEBEN, 2017; LOPONTE, 2008; MOREIRA, 2008) além da apresentação de quatro pressupostos teórico-metodológicos que podem auxiliar o trabalho com Arte Contemporânea na Educação Infantil.


Por fim, também são problematizadas as referências restritas no que tange ao trabalho com Artes Visuais na Educação Infantil, bem como os “modelos prontos” que comumente são expostos às crianças como “atividades artísticas”. Com respaldo nos estudos elaborados sobre Arte e desenho infantil (BALISCEI, LACERDA e TERUYA, 2018; CUNHA, 2017b; DERDYK, 1994). Para isso são apresentados seis artistas contemporâneos/as cujas obras e ações podem ser utilizadas por professores/as da Educação Infantil na elaboração de propostas pedagógicas. Nos apêndices a autora disponibiliza três planos de aula elaborados com base nas discussões e apontamentos realizados nesta pesquisa.



sobre a autora:

Thalia Mendes Rocha é Licenciada em Artes Visuais pela Universidade Estadual de Maringá (UEM), com Láurea Acadêmica. Em 2019 desenvolveu um projeto de iniciação científica (PIBIC – UEM) intitulado “Tem Arte Contemporânea na escola contemporânea? Estudos da Cultura Visual e o Ensino de Arte na escola”. Mora em Maringá, PR, participa de dois grupos de pesquisa: Grupo de Pesquisa em Arte, Educação e Imagens, o ARTEI (UEM) e Grupo de Pesquisa Entre - Educação e Arte Contemporânea (CE/UFES). Desenvolve pesquisas na área de: Ensino de Artes Visuais; Formação de Professores; Arte Contemporânea; BNCC (2018); Educação Infantil; Estudos Culturais; Feminismos.



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