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deambulante: retratos de uma expedição andante



Em um sábado ensolarado, dia 21 de agosto de 2021, decidi colocar em prática uma ação que tenho explorado teoricamente como pesquisa e fisicamente como ação artística/experimental, o caminhar. Essa ação é utilizada como prática artística e estética por alguns artistas contemporâneos, e aqui foi compreendida como exercício, a fim de explorar mais essa ação. A partir dessa vontade, convidei minha mãe e irmã para deambularmos pela região do bairro Coqueiral de Aracruz, no qual moramos.


A ideia surgiu com uma caminhada anterior que fiz com minha irmã, quando descobrimos uma pequena abertura na mata que existe ao lado da nossa casa, então, convidamos nossa mãe para tentar explorar o que tinha lá, na tentativa de descobrir um caminho para a lagoa que existe logo atrás da mata. Esse primeiro percurso se mostrou muito difícil, foram muitos obstáculos, já que em um determinado momento a floresta é fechada e tivemos que tentar passar por entre as árvores em um terreno íngreme. Finalmente, depois de um tempo, chegamos até o máximo de distância possível, mas a visão da lagoa não era tão boa pelo número de árvores presentes na nossa frente. Apesar de ter sido uma experiência incrível conhecer mais do que têm na floresta ao redor da minha casa, eu ainda queria ver a lagoa e por isso decidimos continuar a expedição.


Nesse momento retomei uma memória da infância na qual lembrei de uma passagem na floresta da “terceira rua” (assim chamo), que conduzia até uma parte da grande lagoa que circula o bairro. Fomos em direção a esse caminho, mas o que nos conduziu até ele foi algo inesperado: um cachorro! Enquanto estávamos procurando a entrada, “o portal” (como chamo), um cachorro muito peludo e branco (parecia um urso) passou correndo na nossa frente e entrou pela passagem em busca de um animal para se alimentar. Foi assim que resolvemos segui-lo e encontramos as paisagens retratadas nas primeiras quatro fotos. Esse é um ponto interessante do caminhar no qual ando explorando: parar e observar ao redor no intuito de vivenciar o que o ambiente tem.


Essas experiências do dia 21 me fizeram querer mais, então, dia 28 de agosto novamente decidi partir para mais uma caminhada, mas dessa vez com o meu pai. Na minha cabeça sempre acreditei que por mais que alguém more por muitos anos em um determinado local, é impossível ter conhecido 100% dele, e essa exploração foi sobre isso. Casualmente navegando pelo Instagram, me deparei com uma localização em uma foto de uma pessoa (desconhecida) na parte do bairro no qual moro, mas era de uma região da floresta da “última rua” (como chamo), nunca percebida por mim, mesmo sempre passado pelo lugar na qual a foto foi marcada.


Decidi que queria explorar, então, foi isso que fiz com meu pai no dia 28, nós fomos caminhando até a “última rua” para descobrir esse local. No caminho, vimos os cenários já conhecidos por nós (fotos 5, 6 e 7) até que observando mais atentamente a região, nos deparamos com algo parecido com um outro “portal”, mas dessa vez mais escondido e mesclado com o resto da paisagem. Seguimos em direção a ele e descobrimos a paisagem até então desconhecida por nós (fotos 8 e 9).


A sensação foi como se eu fosse uma criança novamente, tendo experiências e aventuras novas, e o que ficou disso foi a vontade de explorar mais e saber que sempre vai ter um pedacinho de terra desconhecido e pronto para ser vivenciado. Definitivamente, com essas experiências minha relação com o território mudou e a relação com a prática do caminhar/deambular também.


Portanto, eu pergunto: por onde você tem andado? Convido-o a deambular pelos seus percursos do dia a dia, mas com um olhar diferente, um olhar consciente, um olhar que busca descobrir novas espacialidades e estabelecer novas relações com as cidades. E, se quiser, faça registros desse momento e os documente.

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