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descronológico porcelana

Uma das perspectivas contemporâneas do ensino da arte se propõe a partir do questionamento da linearidade enganosamente evolutiva da cronologia das produções artísticas. No lugar de um trabalho que proponha um caminho linear, que percorre a produção artística narrada pelos livros de história da arte, propõe-se que o planejamento dos professores: transpasse variados contextos, relacionando-os e confrontando-os entre si; atravesse diferentes tempos, evidenciando os encontros e fricções entre produções de outros períodos e investigue múltiplos autores, demarcando como as respostas para perguntas semelhantes podem ser complexas e variadas.


A recriação de uma linha do tempo que não seja unidirecional e evolutiva possibilita um olhar ampliado para a produção de outros tempos, além de evidenciar que as produções artísticas e imagéticas se reconfiguram a partir das leituras produzidas de maneira contextual. Assim, no lugar de uma aprendizagem voltada para a compreensão de datas e de períodos, identificam-se questões pertinentes ao momento e aos sujeitos que o compuseram, possibilitando perceber conexões com o tempo presente e desenvolver analogias anacrônicas que ressignifiquem as imagens. Ao mudar esse ponto de vista de uma aprendizagem voltada para os dados e assumir a leitura das imagens como foco central, entende-se que o ensino da arte é menos um conjunto de dados históricos, publicado nos livros e apresentado em múltiplas fontes digitais, e mais uma leitura individualizada e investigativa dos aspectos que compõem o meio artístico.


Por isso propomos o descronológico, um exercício onde sugerimos a relação entre dois tempos, a partir de conexões e desconexões entre uma obra contemporânea e uma obra de algum outro período da história da arte. Na edição de hoje conectamos um conjunto de Vasos da Dinastia Qing, produzidos por volta de 1700 e com autoria não identificada, com Nomad paterns, 2015, da artista Livia Marin.


Como conexões podemos pensar que a produção de vasos atravessa diferentes períodos da história da arte, mas as porcelanas chinesas são grande referência em termos estéticos, tendo influenciado também a série Nomad paterns, de Livia Marin. Conectadas pela materialidade e pelas padronagens, as peças de períodos distintos trazem cenas do cotidiano pintadas em porcelana.


Contudo, como conexões pensamos que enquanto nas porcelanas chinesas existe um domínio da funcionalidade das peças, a série de Livia Marin deixa de operar como utensílio pela ruptura do material e pela narrativa criada em torno desse objeto. A quebra ficcional das peças derrama suas estampas, fazendo parecer que o material estático está agora em movimento. a sensação de fragilidade se opõe à imagem da força das dinastias chineses dos séculos XVII e XVIII.


Partimos desse ponto, mas e você: que outras conexões e desconexões identifica entre as duas obras?




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