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entrevista Josélia Andrade

Josélia Andrade é artista e performer, formada em Artes Visuais pela Universidade Federal do Espírito Santo (UFES). Nessa entrevista o leitor poderá conhecer mais sobre sua produção que relaciona suas vivências enquanto mulher negra e pesquisas sobre racismo e decolonialidade.




Raquel das Neves Coli: Sua produção mais difundida está no campo da performance? Como começou sua pesquisa em torno do corpo?


Josélia Andrade: A performance é para onde eu direciono o foco de tudo que tenho feito desde 2018, então acredito que sim. Me recordo de ver, no primeiro contato que tive com a performance na graduação em Artes, artistas com trabalhos muito diferentes de tudo que eu já tinha visto na vida e alguns livros sobre tais trabalhos, onde os artistas comentavam da possível relação que poderiam desenvolver com o teatro.


Minha relação mais consciente em torno do corpo e, principalmente, do meu corpo, começou anteriormente â graduação em Artes Visuais. Se não me engano, a partir de 2013, quando comecei a participar de oficinas de teatro na cidade de Vitória. Nessa época ainda não conhecia trabalhos e artistas da performance como conheço hoje.

RNC: Além da performance você explora outras linguagens na sua produção?


JA: Sim. Minha produção é recente e eu comecei a desenvolver mais projetos durante o isolamento social por causa da pandemia de Covid-19, então a maioria dos trabalhos que tenho não saíram do papel, são projetos principalmente para esculturas e instalações que desejo colocar em prática agora que já é possível sair de casa. Durante o isolamento social eu comecei a experimentar trabalhos com vídeo e fotografia também. Experimento pouco o desenho e a pintura, por exemplo, mas é algo que me cobro todos os dias para retomar.Geralmente é a escrita que predomina no meu dia a dia.



RNC: A questão da negritude aparece muito forte em seu trabalho, como tem sido esse processo? Como você enxerga essa temática dentro do percurso da história da arte e no cenário atual?


JA: O primeiro trabalho que realizei em torno da temática foi com alunos da graduação, uma performance coletiva de nome “Performance coletiva fala”.Eu havia lido um texto de Audre Lorde, “A transformação do silêncio em linguagem e ação”. A partir dele escrevemos em um papel, aberto no chão do Galpão do Centro de Artes da Universidade. Eu não direcionei muito a escrita porque eu queria que a turma ouvisse o texto e a partir dele poderíamos conversar sobre a escrita e a leitura.


O texto era sobre como é importante falar de tudo que tenta nos silenciar, tudo que nos violenta e o que é significativo para nossas vidas.Como se trata de um texto de uma escritora negra eu pensei em compartilhar o que até aquele momento havia lido da literatura decolonial. Esse é um processo que não é difícil apenas para mim. Percebo isso porque acompanho mais artistas negras e negros em redes sociais, sites e blogs que compartilham tanto seus processos artísticos quanto dificuldades em relação a descolonização. Há dias em que eu não procuro textos ou artistas decoloniais ou anti racistas para me ajudar com meu processo, eu apenas paro e penso sobre questões que podem parecer mais simples como estar em casa com minha família, que é para mim uma grande questão onde eu sei que preciso me aproximar e observar melhor como a colonização nos transformou em pessoas vulneráveis. Durante a pandemia isso se tornou muito mais nítido.


Infelizmente, quando penso na História da Arte recordo de mais artistas, professoras/es, pesquisadoras/es brancas/os falando e escrevendo sobre a História da Arte branca. Tenho pensado muito na formação de professoras e professores negras e negros na área de Artes Visuais especificamente. Penso que está aí uma grande questão que deve ser resolvida. Infelizmente tive oportunidade de conhecer mais artistas negras e professoras negras da área de artes somente na fase final dos 7 anos de graduação. E essas não são artistas que começaram a produção recentemente. Cursei a disciplina de Educação para as Relações Étnicas e Raciais no sexto ano do curso, li textos de intelectuais negros e negras que talvez nunca chegaria a ter acesso no Centro de Artes da Universidade e foi uma disciplina que me exigiu uma dedicação que eu já não conseguia mais oferecer, pois precisava realizar as disciplinas para me formar. E todo esse processo foi feito com base em 6 anos anteriores de leituras sobre intelectuais brancas/os.


Atualmente eu consigo visualizar de modo mais crítico todo material que eu consumo, e muito eu devo ao fato de ter cursado a disciplina de Educação para as Relações Étnicas e Raciais com a Professora Dra. Kiusam de Oliveira. Geralmente, sou pessimista, mas consigo visualizar mais artistas negras/negros/negres na História da Arte hoje que em poucos anos atrás, infelizmente ainda considerados como um recorte da História da Arte oficial branca. Quando pensamos em artistas negras não podemos citar nas Universidades apenas poucos nomes para contemplar toda a História da Arte e toda a produção de pessoas negras na área. Por que devemos aprender todos os nomes de artistas homens e brancos de todos os movimentos artísticos europeus e não nos preocupamos tanto com artistas não brancos?



RNC: Sim, essa é uma questão que atravessa nossa formação. Agora, além de artista você também é pesquisadora da área, como essa relação entre prática e teoria aparece no seu processo e sua produção?


JA: Infelizmente, a teoria tem se sobressaído bastante durante o meu processo de criação. Isso acontece principalmente por causa da dificuldade que tenho para conseguir os recursos/materiais para produzir um trabalho, por exemplo. Está cada dia mais certo que vou experimentar o vídeo e a fotografia apenas em ocasiões específicas e principalmente tê-los como apoio para registrar uma ação. Assim, não consigo direcionar meu foco para produção em trabalhos de videoarte ou fotografia, por exemplo. Renata Felinto, em sua tese de doutorado “A construção da identidade afrodescendente por meio das artes visuais contemporâneas: estudos de produções e de poéticas”, comenta sobre a permanência de alunos para a formação em Artes na Academia Internacional de Belas Artes e sobre a dificuldade de acesso a materiais de arte específicos (SANTOS, 2016, p. 6), isso me faz pensar em quem são essas pessoas, qual a classe, raça e gênero e qual a relação com a dificuldade de acessar tanto materiais quanto os espaços para produção de trabalhos.


Participei como monitora das aulas de Plástica, Plástica tridimensional e Escultura durante um ano e meio da graduação e essas são áreas que tenho interesse. Penso em utilizar principalmente materiais tradicionais, como o gesso e a argila, que são os mais simples para trabalhos experimentais. Porém, penso que para produzir uma instalação é necessário considerar se é possível tê-la em determinado local e se os materiais estarão disponíveis, considerar também como produzir o trabalho, como transportá-lo se for preciso etc. Por esses motivos, principalmente, eu tenho pensado em manter projetos de instalações em formato digital. Com a performance é diferente, eu consigo conciliar teoria e prática porque posso trabalhar apenas com recursos simples e o auxílio do meu próprio corpo.


A escrita surgiu com mais força em meu processo no final da graduação quando realizei uma monitoria no Projeto Escrita em artes do Programa Institucional de Apoio Acadêmico (PIAA), no qual auxiliavam os estudantes da graduação em Artes Visuais e Artes Plásticas com produção de textos. Participei dos exercícios de prática de escrita e percebi uma oportunidade para não parar com a produção artística e não me tornar dependente de um material específico para produzir. Recentemente, entrei para o Programa de Pós-graduação em Artes na Universidade Federal do Espírito Santo, onde darei continuidade à pesquisa e produção sobre minha poética em performance arte e à produção artística em escultura e instalação.



RNC: Você é formada em Rádio e TV e depois migrou para o curso de Licenciatura em Artes Visuais na UFES, o que determinou essa essa mudança de carreira?


JA: Na verdade, eu iniciei os dois cursos no mesmo mês. O curso de Rádio e TV foi finalizado dois anos após iniciar a graduação e eu ainda não atuei na área. Os dois cursos têm alguma relação, então eu decidi que cursaria ambos e em algum momento decidiria com o que trabalhar. Porém, atualmente estou mais focada na área da performance, que, no meu caso, não é comercializada.


RNC: Como a educação se conecta com sua produção? Você pensa em desdobramentos nesse sentido?


JA: Meu primeiro trabalho, “Performance Coletiva fala” aconteceu com alunos da graduação e depois com alunos do ensino médio. Há uma conexão sim e isso ficou nítido com minha primeira experiência, apesar da intenção não ter sido transformar a performance coletiva em uma aula.


No momento estou focando na pesquisa e na produção, mas também sou habilitada para trabalhar como professora no futuro. Vejo essa possibilidade um pouco distante, mas não tenho o controle sobre todos os acontecimentos da minha vida. Passei por diversas experiências durante a graduação e percebi onde me vejo trabalhando por muitos anos. Ofertei oficinas em exposições online, fui professora de artes voluntária em uma creche no bairro onde moro, fui monitora na graduação e realizei estágios obrigatórios e remunerados.Todas essas experiências me direcionaram novamente para a sala de aula enquanto estudante, agora na Pós-graduação. Não consigo pensar em produções específicas para a educação, mas sei que vou atuar na área no futuro, no momento eu consigo pensar em apresentação de trabalhos de artistas. Iniciei um mapeamento durante a graduação, registrando algumas artistas negras que produziram ou produzem performance, foi aí que começou também a minha procura por um direcionamento artístico.



RNC: Voltando ainda ao seu percurso de formação: em 2017 você realizou uma mobilidade acadêmica para Artes Cênicas na UFMG. Como foi essa experiência? De que forma ela agregou algo na sua poética?


JA: Primeiro, foi a melhor experiência que eu tive durante toda a minha graduação. E hoje eu sei que foi a escolha mais acertada que eu fiz em 2016 quando solicitei a mobilidade. Eu estava insatisfeita e consciente de que levei o curso de Artes Visuais a sério mesmo não sendo o curso que eu queria. Gosto muito da área e me dediquei às aulas na UFES. Mas em 2014, quando já cursava Artes Visuais, prestei o vestibular para Teatro na UFMG e passei apenas na primeira fase porque a segunda fase era prova de Habilidades específicas e eu tinha pouca experiência na área para tentar uma prova como aquela. Então, como não desisto com facilidade, decidi solicitar algumas disciplinas do curso de Teatro para ter certeza de que não estava perdendo nada.


Fui aprovada e ganhei uma bolsa para pagar as despesas por um semestre, foi uma bolsa em um sorteio do Santander. Fiquei um semestre morando em Belo Horizonte, não consegui fazer muita coisa, o tempo passou depressa e eu tive muitas questões que não consegui acessar com as Artes Visuais, somado ao fato de ter ido morar sozinha pela primeira vez, foi tudo novo pra mim. Eu guardo anotações das aulas de Improvisação e Domínio e consciência do movimento. Também tivemos aula de Voz, com exercícios com o corpo exigiam muito de mim, já que eu não praticava nenhuma atividade física ou alongamento.


Outro fator positivo foi que a UFMG, por ter a graduação em Teatro, tem também uma biblioteca com muitos livros sobre a área, então consegui aproveitar bastante a teoria e a prática das aulas. Foi também durante a mobilidade que eu comecei a me aprofundar nas relações étnicas e raciais e de gênero e retornei para o curso de Artes Visuais sem chão, com bastante ódio e com muitas questões. Inclusive com vontade de desistir do curso, não sabia por onde começar a produção, então consegui acessar em algum momento as performances políticas de artistas negras, o que foi decisivo para eu querer me aprofundar na linguagem e conseguir me formar.



RNC: Em sua performance Vomitar o branco, de 2019, você questiona e põe em pauta tanto o lugar do corpo de mulheres negras, quanto a hegemonia do conhecimento que ainda é, infelizmente, muito forte no ensino da arte. Como você acha que podemos alterar essa perspectiva?


JA: Eu acredito que com a formação de professoras e professores negras/negros/negres e pesquisadoras/pesquisadores negras/negros/negres. Não quero dizer que com isso apenas professores negros estarão nas salas com alunos negros apresentando artistas negros e seus trabalhos, por exemplo. Mas não posso desconsiderar o fato de que me formei em uma graduação na qual me apresentaram apenas duas artistas negras que também são pesquisadoras e professoras no ensino superior. Enquanto que ao ingressar na graduação todos os professores do primeiro período com 5 disciplinas eram brancos que apresentavam artistas homens europeus e brancos, com exceção da disciplina de Plástica que apresenta para os estudantes ingressantes a produção de artistas da arte contemporânea e contempla artistas brasileiros mesmo que em maioria brancos. Artistas negras/negros e negres produzem arte independente de estar na Universidade, mas essa é outra questão.



RNC: A fotoperformance 1995 (2020) é uma continuação de Vomitar o branco (2019)? Se sim, ela terá mais ações?


JA: “1995” é uma produção em que podemos sim relacionar com a videoperformance “Vomitar o branco”, porque faz parte de meu processo de reconhecimento do investimento colonial no meu corpo. A fotoperformance “1995” é um trabalho que comecei durante o primeiro ano de isolamento social devido a Covid-19, com um apanhado de memórias do meu corpo e da minha vida que tem ficado mais nítido com o passar do tempo. Eu não queria parar a minha produção artística, então decidi experimentar a possibilidade no digital. O resultado foi interessante e há pouco tempo estou descobrindo artistas que produziram trabalhos que se aproximam da minha ideia. O trabalho no digital não é meu objetivo, porque ainda penso em fotografia e vídeo como uma possibilidade para registrar um processo de produção de um trabalho em performance, por exemplo, e não como o próprio trabalho. Eu consigo ver a fotoperformance “1995” como parte de uma série, tenho ideias para ações ao vivo que desejo realizar agora que já podemos sair de casa.


RNC: Sabemos que o corpo nu branco (especialmente o masculino) é naturalizado em performances. Como mulher racializada, como se deu a decisão de performar nua na obra 1995, visto que, infelizmente, ainda hoje mulheres racializadas têm seus corpos vistos de maneira sexualizada e animalizada?


JA: Quando eu pensei em produzir uma performance eu não conseguia pensar em um trabalho em que o corpo não estivesse nu, mas pensei em muitas problemáticas que poderiam ser consideradas por um público e que para mim não eram questões no trabalho. Quando eu li sobre performance na Universidade e encontrei os principais livros ou os mais citados, os trabalhos de homens brancos eram por mim considerados um padrão de trabalho. Os homens brancos cis são considerados na história da arte os donos da história, isso não acontece apenas na área de artes mas em todas as outras áreas e é a partir disso que acontece o epistemicídio.


Os primeiros trabalhos que acessei foram de homens brancos, sem os questionamentos que pessoas não brancas costumam enfrentar durante a produção de qualquer trabalho, por exemplo: os homens brancos não precisam afirmar que são homens brancos, são considerados o ideal que deve ser alcançado em todos os sentidos. Não há dúvida em relação ao corpo de um homem branco porque de acordo com a história ele está produzindo subjetividade e conhecimento, está produzindo algo muito complexo que apenas poucas pessoas da área conseguirão compreender ou uma pequena parte de um público específico se aproximará da compreensão do trabalho.


No caso de pessoas não brancas, o trabalho é recebido como afirmação de identidade ou uma crítica social, não é um corpo comum, há sempre algo extraordinário ou fora do padrão que é o branco e tudo que ele produz. Eu pensei durante a produção da fotoperformance “1995” na possibilidade de realizar o mesmo trabalho ao vivo para um público e logo em seguida descartei a ideia por conseguir colocar a discussão sobre as marcas coloniais em meu corpo em uma fotografia que eu editei e desenhei marcas na cor branca. A questão foi resolvida ali para mim. Não foi difícil realizar esse trabalho porque eu não tinha o público ao vivo, foi um público virtual, não aconteceu uma conversa após a apresentação, por exemplo, porque o trabalho foi compartilhado em redes sociais e exposições online, onde a interação acontecia em momentos distintos da apresentação do trabalho, nesse caso, após a postagem e compartilhamento.


Em relação a questão da animalização do corpo, eu não tenho a dimensão total da recepção do trabalho nesse sentido, não consigo saber o que todas as pessoas que viram o meu corpo quase completamente nu na fotoperformance pensaram, ou quais questões foram levantadas e se alguém foi racista, por exemplo, ao me ver ali. Mas me recordo que um amigo que conheci na universidade me perguntou se aquilo era um trabalho para o curso e se meus colegas também haviam produzido algo igual. Com essa pergunta eu consegui pensar muitas questões em relação a minha produção, porque eu estava compartilhando em minhas redes sociais, onde tenho amigos e familiares, fotografias com meu corpo nu. Eu respondi que era meu trabalho e que eu sou uma artista e comecei a me ver dessa maneira após essa resposta também.


Me preocupou o fato de ser entendida somente como alguém que está fazendo um trabalho de curso na universidade e assim ser mais aceitável. Eu não sou de uma família de artistas ou cresci com pessoas que trabalham com arte contemporânea. As pessoas que me conhecem e que não são alunos de um curso de artes entendem que arte é pintar flores em uma tela, que arte é desenhar, arte não pode ser uma pessoa nua e principalmente não pode ser uma pessoa negra. Quando eu entro em contato com leituras sobre o corpo, a história do teatro, o trabalho com o corpo, a história da performance, por exemplo, consigo acessar ideias onde o corpo animalesco, grotesco, ou primitivo tem como referências povos não brancos e geralmente povos de tribos africanas ou indígenas, mas sempre pessoas não brancas. Essa é a história que eu consigo perceber em leituras que afirmam a oposição entre a pessoa branca, os teóricos brancos do teatro e alguns da performance lidos como povos civilizados procuram em culturas não brancas referências para suas criações retratando estas como primitivas.


RNC: Quais são os encaminhamentos do seu trabalho para o futuro?


JA: Eu quero ter uma carreira acadêmica e tenho estudado para isso, não consigo me ver fora da Universidade. Nesse ano de 2022 eu inicio o mestrado e não paro de ter ideias para novos trabalhos, principalmente em performance. Em fevereiro, iniciei um curso técnico em teatro para não me cobrar mais em relação a uma formação nessa área. O curso tem me ajudado a pensar sobre minha produção em performance e consigo realizar leituras sobre a área do teatro e a relação com o corpo, porque eu não me vejo distante dessa área também.


Em resumo, eu vou seguir pesquisando, escrevendo e produzindo sobre performance, principalmente. Penso em ter uma formação nessa área no futuro, vou pensar muito distante mesmo (…) verifiquei o que temos no Brasil para formação em performance e encontrei um curso de Doutorado em Performances Culturais na Universidade Federal de Goiás. Gostei de muitas disciplinas, mas não é exatamente o que eu desejo cursar, talvez seja algo focado em produção de trabalhos. Estou muito preocupada com minha formação, principalmente para conseguir trabalhar como professora na área da arte. Já posso trabalhar como professora no ensino básico por ter concluído a Licenciatura, mas eu não tenho esse controle do que vai acontecer e do que vai dar certo primeiro, se vou conseguir uma vaga em um concurso público ou se vou começar um curso muito importante para a minha formação, ou quem sabe participar de uma residência artística em outro estado ou país, essa parte eu não consigo controlar, eu priorizo a minha formação agora.


Então estou sempre planejando a próxima formação que preciso ter. Eu não produzo performance para ganhar dinheiro e muito dessa decisão de priorizar a minha formação vem do desejo de conseguir no futuro, produzir os trabalhos que quero, da maneira que eu quero, sem a intenção de comercializar. Trabalhando com aulas de arte eu consigo produzir sem que seja uma encomenda para uma galeria, por exemplo e não vou depender da venda desse trabalho para viver. Admiro muito as artistas que estão conseguindo sobreviver com a produção de trabalhos na área e principalmente no caso de performance política. O mercado de arte com pessoas brancas, as galerias, os museus e todas as demais instituições onde pessoas brancas são a maioria atuando já sabem a receita de um trabalho que uma pessoa não branca deve produzir para ser aceito.Eu não estou seguindo essa receita, então não estou focada agora em produzir um trabalho seguido de outro.

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