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cada pensamento tem a sua paisagem

Relato da oficina “Cada pensamento tem a sua paisagem”, com Aline Reis, realizada em 8 de março de 2021


A oficina teve quatro tópicos: - Nietzsche e o niilismo na visualidade da arte contemporânea; - A paisagem como representação da natureza na pintura e a noção moderna da perspectiva; - Abra a janela, o mundo já está dado! Facticidade, Historicidade e Finitude (Heidegger); - Pensamento e paisagem como jogo (Gadamer).


Ao pensar o percurso da filosofia à arte contemporânea podemos dizer que determinadas formas de pensar produziram na arte contemporânea um impacto e ensejaram variadas paisagens: pintada, esculpida, colada, ausente, não só como uma janela para a alma, dentre outras.


Uma dessas apreensões diz respeito ao pensamento de Nietzsche. O niilismo (este "hóspede indesejável'') perpassa a visualidade e a experiência contemporânea da arte, o que aparece no mofo das frutas em meio a natureza morta, no descascado das paredes da galeria como suporte ao trabalho de arte e uma série de obras que mostram a imaterialidade das coisas do mundo, os vestígios, as precariedades, os restos.


A medida histórica no qual a arte contemporânea emerge diz muito mais sobre os seus modos de ser do que o fato de ser meramente um desdobramento da arte moderna. A história da arte traz também escolhas teóricas, adota discursos e legitima obras e artistas, portanto identificar a paisagem como representação da natureza na pintura é relacioná-la a partir da noção moderna de perspectiva como um desdobramento possível que remonta à tradição da filosofia cartesiana.


A associação entre arte e vida já pensada no século XIX ainda é fecunda. A relação entre pensamento e paisagem parte do mundo já dado, isso significa dizer que destituindo os objetos de sua instrumentalidade, utilizando-o como “um plano e um acaso” como disse Richard Long, o jogo da experiência da arte nos limites factuais, históricos e finitos.


A arte contemporânea ao possibilitar o alargamento dos horizontes tanto condiciona abordagens de recepção quanto possibilita outras orientações. Acostuma-se a “ver” em profundidade, ao largo, de viés, em função de, sobretudo.


E como se tudo não fosse apenas ontologia, podemos vislumbrar uma nova paisagem surgindo na arte contemporânea atrelada à genealogia (o fio condutor também Nietzsche) que trata de pensar os fenômenos históricos na sua relação entre sentido e poder, também de forma material, de subjetivação dos corpos numa perspectiva chamada decolonial.



sobre a autora:

Aline Reis possui graduação em Comunicação Social – Habilitação Radialismo (Rádio e TV) pela Faculdade da Cidade, pós-graduação em Crítica e Curadoria de Arte pela EAV, pós-graduação em História da Filosofia e mestrado em Filosofia pela Universidade Gama Filho. Vive no Rio de Janeiro. No campo da Arte Contemporânea tem trabalhos expostos nas plataformas ArtMaZone e Acessoartecontemporanea, com ampla leitura teórica e interesse em Curadoria de arte, tanto em relação à concepção quanto à pesquisa. Colunista semanal do BLOGDEARTE.art, integra do Grupo de Pesquisa Entre - Educação e arte contemporânea (CE/UFES).





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