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Sobre a pesquisa: "New post no feed" e repertório imagético: Redes sociais na formação de arte/educadores, desenvolvida como trabalho de graduação no curso de Licenciatura em Artes Visuais na UFES, sob orientação da Profa. Dra. Julia Rocha



Outdoors, televisões, streamings, celulares, redes sociais, filmes, google imagens, arte urbana, propagandas, visitas a museus virtuais, histórias ilustradas. Fica cada vez mais difícil listar todas as possibilidades de contato com artefatos da cultura visual que convivemos diariamente na contemporaneidade. A propagação desses produtos constrói nossa visão de mundo e nossa relação com outros repertórios, sobretudo pensando na era em que vivemos e na possibilidade de propagação das imagens pelas vias digitais. Justamente na imagem em junção com as redes sociais que vem o questionamento principal da pesquisa de conclusão de curso que defendi em Licenciatura em Artes Visuais na UFES em 2021: É possível criar e ampliar repertório imagético e artístico dentro das mídias sociais?


A construção do repertório visual perpassa por muitos aspectos, sendo formada durante toda a vida a partir das imagens que nos atravessam, como as memórias da infância, fotografias, aprendizados nos âmbitos educativos, filmes, reality shows, livros, embalagens de produtos e até mesmo nos memes que vemos sendo continuamente propagados. A cada dia que passa, mais fotos são postadas nas redes sociais, mais imagens publicitárias são criadas, mais modelos de vida ideal são vendidos por uma simples imagem. Não precisa ir muito longe para vê-las, pegando o celular, você já pode ter o acesso a produtos vinculados a esfera do desejo, a imagens em tempo real da vida de pessoas que mal conhecemos e a novas produções artísticas.


Um dado numérico que comprova que estamos carregados e somos continuamente perpassados pelos produtos da visualidade, está na estimativa de que um sujeito que utiliza as redes digitais e a internet ao mesmo tempo em que é influenciado pelo universo imagético da rua e dos ambientes laborais e domiciliares em que convive é diariamente atravessado por mais de 1000 diferentes imagens. Isso num intervalo de 24 horas, sem efetivamente ter tempo de reflexão sobre o que é visto, não havendo sequer a possibilidade de registrar ou lembrar desse volume. Vivemos uma relação abusiva com as imagens e nem sequer tomamos conta disso, ao ponto de que nossa dependência paralisa e anestesia a formação de um senso crítico em torno delas.

Erik Kessels - 24 hrs in photos (2011)


Apesar dessa onipresença, ainda é percebido nas escolas um ensino da arte que recorrentemente não está ligado a vida dos alunos ou aos produtos visuais que possuem em seu repertório. Nesse modelo, parece ser mais importante o estudante conhecer artistas europeus e brancos que morreram há muitos anos, do que saber como lidar de forma crítica e artística com as imagens da contemporaneidade. Ou mesmo, parece mais importante deter-se em dados técnicos sobre a produção desses artistas, do que reconhecer elementos estéticos que dialoguem com a produção encontrada no entorno da escola.


Esse distanciamento também se evidencia na relação da escola com as tecnologias digitais, que estão intimamente ligadas na construção do repertório visual de crianças e adolescentes, mas que dentro das salas de aula ainda aparecem timidamente ou são discutidas sobre a legalidade de sua utilização. As tecnologias fazem parte do cotidiano das escolas, mas ainda aparecem predominantemente como um material de apoio para os professores ou algo que os alunos só podem usar nos “deveres de casa”, ou seja, fora do ambiente escolar. Pensando no quantitativo de imagens a que estamos diariamente conectados, considera-se que seria interessante para os arte/educadores pensarem em maneiras de como utilizar esses recursos dentro das próprias metodologias da arte, dialogando até mesmo com a produção de artistas que recorrem a esse recurso.


New post no feed e repertório imagético: Redes sociais na formação de arte/educadores", foi a reflexão e análise sobre uma jornada, que começou em 2018 e se aprofundou ainda mais no período da pandemia, onde praticamente todo o ensino se apoiou na internet e nas tecnologias digitais, pensando em como as redes sociais podem fazer parte da construção e ampliação do repertório visual e também como objeto metodológico no ensino da arte – não apenas na educação básica, como também no ensino superior. No decorrer da pesquisa reflito sobre artistas, espaços educativos e expositivos que utilizam das redes sociais como espaço para expor seus trabalhos e formações que podem ampliar as vivências.

ELAS.ME - Iceberg social (2021)


Para dar mais embasamento sobre a utilização das redes sociais dentro do ambiente educativo, foi necessário dividir a pesquisa em quatro capítulos. No primeiro, acabo focando mais sobre o “mundo-imagem”, em como o acesso e a multiplicação da visualidade se tornou muito fácil e difundido com a internet e as tecnologias digitais, mostrando como somos educados pelas imagens e como elas possuem uma grande participação da construção pessoal, social e educacional.


No segundo capítulo, abordo a nutrição estética, partindo do conceito Mirian Celeste Martins (2011), que pensa a construção do repertório a partir de trocas e experiências vividas dentro e fora das escolas. Além disso, nesse capítulo também se discute sobre a curadoria da visualidade, para que seja possível organizar as referências imagéticas e pensá-las em propostas educativas. Assim, o conceito é pensado como a seleção dos conteúdos do meio acadêmico e da cultura visual para conversarem dentro dos espaços educativos, pensando em relações que podem ir além das já apontadas nos livros didáticos e materiais de formação.


O terceiro capítulo analisa a potencialidade dos dispositivos digitais, da internet e das redes sociais como ampliadores do nosso repertório imagético, refletindo como cada uma delas faz parte do cotidiano. No quarto capítulo analisam-se três diferentes Planos Pedagógicos de Curso da graduação em Licenciatura em Artes Visuais, afim de compreender o espaço que as tecnologias digitais ocupam na formação de arte/educadores na UFES. Por fim, apresentam-se dados das entrevistas realizadas com os graduandos da mesma área, partindo da sua percepção sobre a necessidade de repensar a utilização das redes sociais nos espaços educativos, em como elas podem ser um objeto metodológico potente para os professores de Artes Visuais.



sobre a autora:

Helena Pereira Barboza é Licenciada em Artes Visuais na Universidade Federal do Espírito Santo (UFES). Bolsista do Núcleo de Artes Visuais e Educação do Espírito Santo (NAVEES) entre 2018-2019 e Bolsista do Projeto de Extensão Interfaces do ensino da arte entre 2019-2020. Tem interesse na pesquisa sobre arte contemporânea e como ela pode ser desenvolvida na educação, além de tentar vincular práticas decoloniais no objeto de estudo. Atualmente faz parte do Grupo de Pesquisa Entre - Educação e arte contemporânea (CE/UFES).

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